terça-feira, 2 de novembro de 2010

... E o vento levou


E o vento levou...
Os sorrisos contentes
Que hoje se escondem atrás de uma face melancólica.

E o ventou levou...
O brilho dos meus olhos
Que já não conseguem mais iluminar o meu caminhar.

E o ventou levou...
A triste história que pesava sobre os meus ombros
Momentos estes, que insistiam em permanecer acesos na minha memória.

E o vento levou...
O passado que entenebrecia o meu viver
O pesadelo que se revestia de encanto

E o vento levou...
Até a minha própria face
Já não tenho mais o reflexo de mim mesma.

E o vento levou...
Todo o meu amor, o meu sorriso
O brilho do meu olhar
Até mesmo a história desmascarada, todo o tom negro que nela existia.

E o vento levou...
Até eu mesma
Estou bem distante dos pesadelos que outrora tivera.

Amanhã, já não sei o que o vento poderá levar
Mas, tenho certeza que tudo que o vento levou consigo
Hoje, ele trouxe tudo de volta
Porém, tem um diferencial
O brilho existencial impera sobre todas as coisas
Que entristecia o meu ser
E o vento trouxe de volta
A pessoa que sempre fui.

Será que ainda consigo desvendar no meio de tantos retalhos o ser que me tornei?

Élida Teles
30/09/2010.

Passado acinzentado

                        PASSADO        ACINZENTADO
                         PASSADO       ACINZENTADO
                   PASSADO
                  PASSADO
                 PASSADO
                 PASSADO

                                   FLORES VERMELHAS E FLORES VERMELHAS
                                           FLORES                                                       VERMELHAS
                                          FLORES                                                        VERMELHAS
                                                                        TOM CINZA

O VERMELHO VIROU SANGUE
O TOM CINZA ENTRISTECEU A MINHA ALMA
VERMELHO E CINZA
A FUMAÇA QUE RESTOU DO FOGO ARDENTE QUE UM DIA NOS UNIU.





Élida Teles

01\11\2010

Respostas mudas


No entardecer da sexta-feira
A flor murchou
O coração sangrou
A blusa colorida ficou desbotada.

O brilho acabou
E as lágrimas jorraram
Triste, triste, triste fim
Que o engano nos levou

Sou hoje a flor que murchou
A ferida que ainda não cicatrizou
A dor que dói, não sei o porquê

Vejo letras emaranhadas
Prosa incoerente
Erros condenam o presente
E as palavras já não ganham sentido.

Respostas mudas
Melhor que seja assim
Explicação não justifica o que é visível

Ah, que bom seria se o tempo fosse capaz de apagar as feridas
Mas não é
Ele apenas modifica
A forma de olhar para cada orifício
Assim, passo a entender a dinâmica do tempo
O que ontem era tristeza, algo doloroso
Hoje, é apenas uma mera lembrança
Não do que foi vivenciado
Mas, dos laços que foram quebrantados
Do triste desengano...

Respostas mudas
É apenas o que tenho para dizer
Se não é bem isso que queres de mim
Apenas lamento
É só o que eu tenho para oferecer
O amor desbotou
O encanto acabou
A flor que um dia floresceu, já morreu

Respostas mudas
Revelam a profundidade do silêncio
Que em mim se esconde.


Élida Teles
18/10/2010